14 de abr. de 2013

O cão e o mendigo

É comum pela cidade
Vermos cães abandonados
Vivem de porta em porta
Em busca de uns bocados
Coitados em dias de chuva
Perambulam ensopados

Outro dia vi um fato
Merece ser revelado
Um cãozinho vira-lata
Todo ele enlameado
Tinha apenas tres patinhas
Estava todo encharcado

Encostou numa barraca
-Hum!...cheiro de carne assada
Quem sabe alguém me vê
E me dá carne sobrada
Mas deram-lhe um chute
Ele rolou pela escada

Passava naquele instante
Um andarilho na via
Abraçou o animalzinho
Ao mesmo tempo dizia
-Não se aborreça amigo
Isso acabará um dia

Reuniu seu dinheirinho
Comprou espetos reforçados
Ali sentou com o cão
Ambos esfomeados
Comeram e se fartaram
Sairam alimentados

Um dia...tempos depois
O mesmo cão deitado
Vislumbra ao longe alguém
Sendo por uns maltratado
Veloz vai em socorro
De um homem ensanguentado

Com enorme bravura
Coloca todos a correr
E as feridas do homem
Logo se põe a lamber
O mendigo assustado
Não conseguia entender

Por que um cão sem dono
Viera  lhe socorrer
Agradecia a providência
Que não lhe deixara morrer
Homem e cão se olharam
Impossível descrever

O homem não sabia
Se ria ou se chorava
Aquele cão aleijado
Que ora lhe salvava
Era o mesmo cão que um dia
A sua fome matava.

Meg
jan/2010







3 comentários:

  1. Puxa, parabéns mesmo! Uma linda crônica contada em forma de redondilhas. Emocionante demais. Você é demais para escrever. A Fernanda Telles tem razão... talento imenso você tem. Eu vou voltar. Abraços!!!

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  2. Grata pela visita e por gostar do que escrevo. Saudade da Fernanda a ela também meu carinho e o abraço da Meg

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  3. Lindo Meg !

    Quem será o verdadeiro animal irracional ??

    Vejo mães que jogam seus filhos nos rios , matam , abandonam , queimam com bituca de cigarro , contudo , neste contexto todo , o contraste é o animal "irracional" ( cão , gato , égua , leoa ...) cuidar de outro que não de sua espécie ! E por quê não ?

    Grandioso poema - bem lembrado !

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