13 de abr. de 2013

O travesti (Revisado)

Estava eu numa fila
Aguardando a condução
Avistei bem ao longe
Um belo rapagão
Lentamente aproximou-se
Na fila ajeitou-se
Não houve qualquer confusão

Muito belo, alto , esguio
De traço delicado
Um sobretudo preto
Com discreto bordado
Era loiro o moçoilo
Estava bem aprumado

Uma boina italiana
Realçava-lhe a graça
Era mesmo uma figura
De fazer parar a praça
Todos o admiravam
Parecia de outra raça

De repente não contive
Não acreditei no que via
O moço se transformava
Enquanto a fila crescia
Tirou o tênis do pé
Um tamanco substituia

Enrolou o sobretudo
Guardou com muito cuidado
Uma blusa provocante
Com ziper pouco fechado
Mostrava a pele clara
E nem ficou encabulado

De uma sacola grande
Pegou uma bolsa feminina
Seus dedos delicados
Traziam joia fina
Com restos de maquiagem
Transformou-se em menina

Um cinto de pedras brancas
Envolvia sua cintura
Eram grandes pérolas
Caindo na calça escura
Realçavam ainda mais
Aquela meiga figura

A viagem um tanto longa
Fiquei atenta pra ver
Alguma emoção oculta
Que eu pudesse perceber
Mas seu rosto nada expressava
Como se nada estivesse a acontecer

Finalmente ele desceu
Parecia uma gazela
Provocante olhava
Como se fosse uma donzela
Quem não viu o que eu vi
Jamais saberia que ele não era ela.


Meg
13/04/2013

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