19 de out. de 2014

Carona lll

Brisa suave!... canto doce de um canarinho.
Fui despertando de mansinho, sentia-me muito bem; era o despertar de uma boa
noite de sono. O canto do pássaro foi adentrando fazendo parte de mim e uma
paz gostosa invadiu-me o ser; nunca me sentira tão bem. A avezinha permanecia ali
com seu canto sonoro, tive vontade de acariciá-la, agradecer sua companhia que não
deixava margem para o sentimento de estar só, eu já não estava só; na plataforma em
que me encontrava um passarinho cantava para mim, a brisa suave beijava meu rosto
e, senti uma alegria sem par.
Lentamente para não afugentar o canário, fui ficando em pé e senti que poderia caminhar,
dei alguns passos e uma sensação estranha apoderou-se, e, relembrei com saudade das
palavras que um dia deram-me carona, senti o verbo no qual escorreguei , recordei a
alínea que transportou-me para um mundo novo onde conheci o amor. Esta recordação
alterou minha pulsação e senti-me novamente sangrando...o fragmento....sim....havia
em meu peito um estilhaço de uma pedra cravado, eu tinha certeza que havia.
Olhei-me, apalpei-me....nada!... eu não sangrava e nenhum fragmento me feria. O
que teria acontecido? não saberia explicar. Lembro-me estar numa plataforma vazia
a espera de nova carona que me levasse a hospital; agora o cenário era outro, estava
entre flores viçosas, banhadas pela brisa suave e aquele canarinho....quanto mais
o admirava, mais ele cantava e seu canto transportava-me para uma outra dimensão
onde pude ver cicatrizadas todas as feridas; e ali...somente ali... eu pude ser feliz.

Meg
18/10/14

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